A gente nunca sabe se já começou. Ou se já vai ter fim.
Entre conversas, pensamentos, passos arrastados, silêncios, sonhos e
desilusões; nunca existe uma certeza, tudo pode acontecer. Entre cortinas
abertas, e portas fechadas; sussurros e lágrimas; abraços e carinhos. Sempre
vai permanecer uma lembrança. Seja ela boa ou ruim. Poder repousar com alguém
de novo; aquele alguém que você conheceu dias atrás; fez um lanche, bateu um
papo, mordeu o lábio; Entre afagos e olhares, pode haver a premonição do
futuro, ou a do fim.
E num dia da semana, qualquer dia desses, em qualquer
horário, debaixo de um sol fresco, de uma nuvem clara, você se distrai. Olha
para o céu, para os lados; lembra-se daquele abraço, do aperto; um tanto
abismado, e até mesmo calado. As nuvens se fecham; uma breve garoa se aproxima;
e seu pensamento continua ali; é, ele não sai. O banho de chuva, o vento forte,
os arrepios; dedos gelados. De volta pra casa, um banho, uma roupa leve, um
chocolate quente. E a breve pergunta: “O que vai acontecer agora?” Sim, ainda
há incertezas, muitas incertezas.
O sono daquela noite longa; a solidão, o frio; O acordar
cedo; a intensa melancolia de uma manhã cansada, entre rotina e horários; cafés
vazios, restaurantes, e pessoas alucinadas transitando pelas ruas. A espera do
momento em que você viverá o que de melhor pode ter acontecido até então. A
ansiedade de repetir a dose; de gim, de vodka e ou de coca-cola. A sensação não
será a mesma, ou pode ser melhor. A pressa, e o ultimato; de repente, passando
pela aquela esquina, o arrepio e a surpresa: Encontraste ele de novo. Ou ela.
Não importa. As borboletas na barriga serão as mesmas, e a falta de palavras na
sua boca também. E o que você vai precisar pensar, simplesmente, é em viver o
momento; Sentir a delicadeza daquele beijo, que doce ou não, te despertou um
desejo, e que você não sabe se vai durar uma vida inteira; muito menos se vai
dar certo. Mas, o que importa, é apenas a transfusão de sentimentos, e a
vontade de viver o agora; e de estar ali, apenas ali.